Produto Artístico + Ação Cultural
Na temporada de estreia de “TRIADE Tour São Bento”, pudemos constatar que a performance incluía e dialogava com público diversificado: adolescentes, pessoas de terceira idade, colegas artistas das artes cênicas, entre outros. Grupos heterogêneos eram formados, espontaneamente e fluíam harmonicamente. Os adolescentes empolgavam-se com as histórias de ficção e, principalmente, motivavam-se em alterar o ritmo na rua. Já os mais velhos, emocionados por revisitar uma região da cidade já vivida por eles em outros tempos e por se perceberem em estado cênico. Já os profissionais da área mostraram-se abertos e tocados pela proposta de um formato – tour – não convencional nas artes cênicas.
Após as performances realizamos conversas com o público e percebemos que diversas questões estéticas e conceituais atuais da dança contemporânea foram abordadas e percebidas de modo simples e acessível. Percebemos, então, que o “TRIADE Tour” é um formato hibrido, capaz de unir produto artístico e ação cultural em um mesmo formato.
Em resumo, das explorações anteriores, emergiram eixos estruturais à pesquisa e à presente proposta do passeio coreográfico:
1. TRIADE Tour como dispositivo relacional e cognitivo: híbrido produto artístico + ação cultural
2. Coletar – Fiar – Tecer como metodologia interventiva interativa e site-specific;
3. Coletar impressões e elementos do cotidiano , deslocá-los e reorganizá-los, como método de intervenção;
4. Intervenções intrinsecamente ligadas geografia restrita (site specifics )- e, consequentemente, à topografia, arquitetura, história, aspectos culturais, de população, usos, etc.
5. Documentação, registro e difusão como atividades chave: vídeos curtos (mas com unidade narrativa) como principal instrumento de difusão e construção de plataforma virtual , com possibilidade de interatividade, para direcionar e armazenar arquivos específicos a cada ação.
6. Alterações de ritmo, movimentos de muitos em relação a um evento e fricções inesperadas instauram danças na rua;
7. Estado da coleta – introspectivo e deslocado de atividade cotidiana – pode ser cênico;
8. Fricção real – ficção e “suas bordas” como elemento de organização dramatúrgica;
9. Exploração de efeitos realidade” nos locais exploradas : estratégia de organização dramatúrgica e “brincar com presente eterno”;
10. Trabalhar com “camadas de público” e com a possibilidade de o “protagonista da ação performática”ser outro que não o “proponente primeiro” (intervenções “quase-invisíveis);